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Obra «CALHETA - NATUREZA EM FASCÍNIO »
ESTE LIVRO FOI EDITADO PELO MUNICÍPIO DA CALHETA, MADEIRA, EM 1999, COM O DEPÓSITO LEGAL 139.704 / 99. É DA AUTORIA DE ANTÓNIO CASTRO E ELISA BRAZÃO.
ALGUNS TEXTOS DO AUTOR, PRESENTES NA OBRA:
«PEDAÇO DE MADEIRA ESPESSA, POSTO AO ALTO COMO PAINEL. O MIÚDO COM O FORMÃO FEZ-LHE FENDAS, ABRIU-LHE ESPAÇOS CÔNCAVOS,SULCOU-LHE RISCOS EM ZIGUEZAGUE COMO SE FOSSEM VEREDAS E, AOS VEIOS DE MADEIRA, JUNTARAM-SE OUTROS, SANGRADOS, DOÍDOS.
DEPOIS, FOI UMA QUESTÃO DE TEMPO: VENTANIAS, INUNDAÇÕES, SOL QUENTE E CHUVADAS AUMENTARAM A DIMENSÃO DOS SULCOS E DERAM-LHES O AR DE FERIDAS, TALVEZ GRITOS, NUM SILÊNCIO DE CÉU E MAR.
JÁ ADULTO, O MENINO OLHOU DE NOVO O PAINEL E PERCEBEU COMO SE TRANSFORMA E EMBELEZA UMA ROCHA. A DA SUA TERRA. A DO PAÚL DO MAR».
ANTÓNIO CASTRO
«SE A CIÊNCIA NÃO VIESSE APAGAR-ME OS SONHOS COM AS SUAS CERTEZAS, O MUNDO ACABAVA AQUI. NESTA AVENIDA MARGINAL NÃO É DIFÍCIL PERCEBER QUE A TERRA É REDONDA E QUE O ESPAÇO QUE O MAR OCUPA É INFINITAMENTE MAIOR E GRANDIOSO. UM BARQUINHO OU OUTRO PODIA CHEGAR AO FIM DO MUNDO, QUE SE ESPREGUIÇARIA A MEUS PÉS, NUMA MULTIPLICIDADE PROGRESSIVA E ININTERRUPTA DE ONDAS BRANCAS. AO FUNDO, A ROCHA, E O MEU ESPAÇO TERMINAVA. COMO SERIA FÁCIL ENQUADRAR AQUI TODOS OS MEUS SONHOS E FAZER PLANOS SIMPLES DE VIDA! SEM METAFÍSICAS INÚTEIS OU NOTÍCIAS DESASTROSAS! E, QUANDO UM DIA EU MORRESSE, LÁ, PARA ONDE EU FOSSE, CERTAMENTE OUVIRIA O MARULHAR TRANQUILO, A FORÇA DESSE GIGANTE QUE TEIMA EM SER ETERNO...».
ANTÓNIO CASTRO
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